Leandro Fortes, CartaCapital
O depoimento de Barbosa durou 11 horas e reforçou muitas das teses levantadas pelos promotores sobre a participação de políticos no bando montado pelo advogado George Olímpio, apontado como líder da quadrilha, ainda hoje preso em Natal. De acordo com trechos da delação, gravada em vídeo, Barbosa afirma ter sido chamado, no fim de 2010, para um coquetel na casa do senador Agripino Maia, segundo disse aos promotores, para conhecer pessoalmente o presidente do DEM. O convite foi feito por João Faustino Neto, ex-deputado, ex-senador e atual suplente de Agripino Maia no Senado Federal. Segundo o lobista, ele só foi chamado ao encontro por conta da ausência inesperada de outros dois paulistas, um identificado por ele como o atual senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o outro apenas como “Clóvis” – provavelmente, de acordo com o MP, o também tucano Clóvis Carvalho, ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso.
Apontado como um dos principais articuladores do esquema criminoso no estado, Faustino Neto foi subchefe da Casa Civil do governo de São Paulo durante a gestão do tucano José Serra. Na época, era subordinado a Aloysio Nunes Ferreira.
De acordo com os promotores, o papel de
Barbosa na quadrilha era evitar que a Controlar, uma empresa com contratos na
prefeitura de São Paulo, participasse da licitação que resultou na escolha do
Consórcio Inspar. Em conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça
potiguar, Barbosa revela ter ligado para o prefeito Gilberto Kassab (PSD), em
25 de maio de 2011, quando se identificou como responsável pela concessão da
inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Aos interlocutores, o lobista
garantiu ter falado com o prefeito paulistano e conseguido evitar a entrada da
Controlar na concorrência aberta pelo Detran local. Em um dos telefonemas,
afirma ter tido uma conversa “muito boa”. Embora não se saiba o que isso
significa exatamente, os promotores desconfiam das razões desse êxito. Apenas
em propinas, o MP calcula que a quadrilha gastou nos últimos dois anos, cerca
de 3,5 milhões de reais.”
Imagem: O senador gripino Maia, presidente do DEM,
é acusado de receber 1 milhão de reais do esquema / Foto: Válter Campanato, Agência Brasil
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