“Analistas divergem sobre ampliação do
bloco. Congresso do país que recentemente destituiu presidente em
impeachment-relâmpago foi o único que não aprovou adesão dos venezuelanos
Tadeu Breda e João Peres, Rede Brasil Atual
Uma cerimônia em Brasília deverá
oficializar nesta terça-feira (31) a entrada da Venezuela como membro pleno do
Mercosul, união aduaneira formada em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai. Da maneira como ocorreu, porém, a ampliação do bloco para incluir o
vizinho amazônico está longe de ser uma unanimidade. O momento em que o grupo
resolveu absorvê-lo também alimenta divergências.
A Venezuela manifestou pela primeira vez
sua intenção de ingressar no Mercosul em 2001. Onze anos se passaram até que
fosse aceita, porque as regras do bloco estabelecem que os novos integrantes
devem ser aprovados pelo Legislativo de todos os países-membros, sem exceção –
as decisões do Mercosul são tomadas por consenso. Pouco a pouco, deputados e
senadores de todos os integrantes concordaram com a entrada da Venezuela. No
Brasil a aprovação definitiva veio apenas em 2009. Argentina e Uruguai haviam
se manifestado favoravelmente dois anos antes. Faltavam somente os paraguaios.
O argumento do Paraguai para refutar a
presença venezuelana no Mercosul era o governo do presidente Hugo Chávez. Dominado
pelo conservadorismo dos partidos Liberal e Colorado, o congresso paraguaio
defende a tese de que a Venezuela não vive uma democracia plena e que, por isso,
o país não poderia aderir ao bloco. De acordo com o Protocolo de Ushuaia,
firmado pelos países-membros em 1998, todas as nações que fazem – ou desejam
fazer – parte do Mercosul devem viver sob regimes reconhecidamente
democráticos. Para a maioria dos parlamentares brasileiros, argentinos e
uruguaios, a Venezuela cumpria o requisito. Para os paraguaios, não.
Então, no último dia 22 de junho, veio o
impeachment de Fernando Lugo. O presidente do Paraguai foi destituído do cargo
após um enfrentamento entre policiais e sem-terra na província de Curuguaty. No
episódio, 17 pessoas perderam a vida: 11 camponeses e seis agentes do Estado. O
congresso paraguaio aproveitou-se da situação para turbinar as diferenças
ideológicas que vinha nutrindo em relação a Lugo e defenestrá-lo do poder.
Deputados e senadores acusaram, julgaram e penalizaram o presidente em apenas
dois dias, tempo suficiente para que o vice, Federico Franco, se preparasse
para assumir suas funções com um amplo sorriso estampado no rosto.”
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