Jornalista, como os ginecologistas segundo Nelson Rodrigues, deveria ser um santo, um São Francisco de Assis
“Mais um
capítulo de Minha
Tribo: O Jornalismo e os Jornalistas, o de número 50 Nele, defendo a idéia
de que caráter, num jornalista, é tão ou mais importante que a competência
técnica.
Paulo Nogueira, Diário do Centro do Mundo
Só que não somos São Francisco.
Mas podemos ser razoavelmente bons, se nos empenharmos para isso. Se fizermos uma espécie de ginástica interior. É possível diminuir a distância que nos separa de São Francisco.
Sempre que montei equipes, me preocupei com caráter, tanto quanto com competência. Errei no julgamento, algumas vezes. Na maior parte, acertei. É o que interessa.
Em minha carreira, o maior exemplo do oposto da santidade que conheci numa redação foi Mario Sergio Conti. Nunca vi um jornalista tão ruim – mau, maldoso, quero dizer – quanto ele.
Como é tecnicamente bom, e como caráter não é coisa muto cobrada na imprensa brasileira, Mario fez uma carreira que o levou a cargos de destaque. Chegou a diretor da Veja. A ascensão de Mario acabou sendo um problema para o caráter, em geral, do jornalismo brasileiro. Porque ele, com poder, acabaria gerando iguais. Maus gostam de maus. Maus promovem maus. Maus se reproduzem. Não são apenas os bons que lideram por exemplo. Os maus também.
O ápice da maldade de Mario foi quando
escreveu, na Veja, que era ruim derrubar árvores para imprimir livros como os
de Caio Fernando Abreu. Ele tinha alguma diferença pessoal com Caio Fernando, e
fez o que fez. Na gestão de Mario, João Gilberto era tratado como Deus, por
ordem sua, e Caetano Veloso como demônio. E alguma questão pessoal que ele teve
com Otavio Frias Filho o levou a proibir os editores da Veja São Paulo de
escrever, na seção cultural da revista, o nome dele na resenha de sua peça,
Rancor. Era uma peça sem autor, na Vejinha.”
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