Roberto Saturnino Braga, Fundação PerseuAbramo / Correio do Saturnino
“Ao fim da primeira metade do mandato,
Dilma Rousseff mantém boa taxa de aprovação dos brasileiros de todas as
classes, de todas as regiões. Revela as qualidades que se esperam de um
Presidente, homem ou mulher: honradez, bom-senso, decisão, coragem, amor ao
povo e à Nação.
A honradez ninguém lhe nega nem vai negar,
até o fim; é do seu caráter, da sua constituição de ser.
O bom-senso ela confirmou plenamente na
semana passada ao manter, com o seu veto, o esquema de distribuição dos
royalties do petróleo vigente nos contratos já assinados e sancionar a nova
distribuição por todo o País nos contratos futuros. E, mais, ao instituir, por
uma medida provisória, o que os deputados tinham lamentavelmente esquecido: a
destinação integral dessas grandes receitas futuras para a educação! O que
talvez tenha sido o melhor investimento já feito em toda a nossa História.
Sua firmeza de decisão, já demonstrada em
prontas respostas a revelações de corrupção em vários casos anteriores, foi
também confirmada esta semana com a imediata demissão de uma pessoa muito
ligada ao Presidente Lula, uma senhora sem noção de ética que abusou
ilicitamente desta ligação e foi descoberta pela Polícia Federal.
A coragem foi igualmente mostrada em várias
ocasiões necessárias, como, por exemplo, no enfrentamento ao poderio financeiro
dos bancos, ao conseguir baixar significativamente os juros dos financiamentos
do sistema privado, usando a iniciativa dos bancos estatais. E agora,
confirma-se esta sua qualidade na firmeza com que enfrenta o poder das empresas
de energia elétrica para reduzir as tarifas deste fornecimento vital, para as
indústrias e para o consumidor comum. O grande programa de investimentos na
estrutura portuária é outra manifestação da sua capacidade de discernir e atuar
com firmeza, coragem e oportunidade sobre os setores estratégicos do País.
Seu governo se configura como uma
complementação bem adequada ao do Presidente Lula. O grande líder foi um
eminente negociador político que conseguiu viabilizar, sem traumas, a profunda
mudança no modelo de desenvolvimento, que se abriu para a explícita
redistribuição de renda através da intervenção das políticas públicas próprias.
Rasgada a abertura do caminho para a mudança, o governo Dilma se caracteriza
pelo aprofundamento desta nova rota, com enfrentamentos mais duros, evitados
com prudência na primeira fase, aquela de negociação. E com esta nova
disposição, prossegue com firmeza na linha humanística implementada a partir de
2003.
A intuição desta complementação foi, aliás,
sentida pelo próprio Lula, ao fazer a indicação, tão adequada e tão inesperada
nos meios políticos, da sua sucessora.
Recentemente uma grande empresa de
consultoria de Boston fez uma avaliação dos melhores resultados em termos de
crescimento de bem-estar da população nos últimos 10 anos, entre mais de cem
países, e o Brasil se colocou em primeiro lugar. Não é sem motivo o destaque do
Brasil de hoje no campo do reconhecimento internacional.
Nesta sequência feliz, da negociação para o
enfrentamento, a concentração de renda, pessoal e regional, continua caindo
continuamente, e a participação dos salários na renda nacional sobe firme,
saindo de um patamar indecoroso de 46% em 2002 para superar o de 53% este ano,
e atingir provavelmente 55% ao fim do primeiro mandato; e, quem sabe, o patamar
mínimo civilizado de 60% ao fim do segundo. Vale lembrar que a outra parte é a
das rendas do capital e da terra, que eram imoralmente superiores a toda a
renda do trabalho antes do governo Lula.
A crise econômica que afeta o mundo tinha
de reduzir a nossa taxa média de crescimento mas nem por isso estancou o
processo de redistribuição, e até mesmo acentuou o esforço de eliminação da
pobreza absoluta, meta do mandato da Presidente Dilma. Tudo isso revela o que
seria de esperar de uma mulher com a sua história política marcada por posições
claramente de esquerda. Para mim, isso é prova cabal de amor ao povo e, por
conseguinte, à Nação Brasileira, que, fundamentalmente, é o seu povo.
Pesquisas de opinião mostram que, se a
eleição presidencial fosse hoje, Dilma Rousseff venceria com larga maioria
absoluta toda a soma de votos dos outros candidatos cogitados. Claro que em
política não se fazem previsões com tal antecedência, e a forma da nuvem pode
mudar muito, como dizia a sabedoria de Magalhães Pinto. A pesquisa, entretanto,
tem um significado real: a satisfação inequívoca do povo brasileiro com a
gestão da sua primeira Presidenta."
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