Bruno Bocchini, Agência Brasil
“Vou registrar junto ao procurador-geral da República um pedido de federalização, porque não basta federalizarmos nesse caso [apenas] a investigação. Não se trata de a Polícia Federal entrar ali para dar apoio ao estado. Trata-se de verificarmos se em Goiânia e em Goiás nós temos no tecido do estado o envolvimento de pessoas com crime”, disse a ministra, após participar de reunião com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
“Não basta pensarmos em federalizarmos a investigação, nós precisamos que o inquérito seja federal. Nós precisamos que a denúncia seja por parte do Ministério Público Federal e que o julgamento seja pelas autoridades federais”, acrescentou.
Segundo a
ministra, a secretaria está fazendo um levantamento das deficiências dos
inquéritos da polícia e de circunstâncias relevantes não denunciadas ao
Ministério Público para apresentar o pedido de deslocamento de competência dos
casos para a esfera federal. A petição será feita ainda esta semana.
“Nós temos
criminosos agindo ao mesmo tempo em que as autoridades fecham os olhos e os
mantêm impunes. Isso é uma responsabilidade do estado, e o estado de Goiás não
está cumprindo. Vamos pedir ao MPF a federalização desses crimes, uma vez que
nem a polícia, nem o Ministério Público, nem o Judiciário do estado de Goiás
demonstram estar a altura da missão que têm, de manter a ordem e os direitos
humanos da sua população”, destacou a ministra.
Maria do Rosário
ressaltou ainda que a secretaria não tem “qualquer dúvida” do envolvimento de
grupos de extermínio na morte dos moradores de rua, e que policiais já foram
apontados como responsáveis e participantes dos assassinatos. A ministra
ressalvou, no entanto, que há falta de políticas públicas para a população de
rua.
O chefe da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), delegado Murilo Polati, rebateu hoje as denúncias de que as mortes estariam associadas à atuação de um grupo de extermínio que contaria com a participação ou a conivência de policiais e de autoridades do governo estadual. “Vejo uma tentativa de politizar o assunto. O que me parece é que a morte de um morador de rua tem mais peso do que a vida dele, porque vejo muito pouco sendo feito para tirá-los da rua. Vejo as críticas e as acusações às polícias Civil e Militar e penso que [enquanto estavam] vivos essas pessoas não receberam a mesma atenção”, disse o delegado à Agência Brasil.”
Comentários