Bolsa Família e a mídia boateira


Altamiro Borges, Blog do Miro

“A mídia tucana já descobriu o culpado pela confusão no pagamento do programa Bolsa Família na semana retrasada. Foi o próprio governo Dilma! Nos telejornais e nos jornalões de hoje, ela tenta vender a ideia de que uma mudança na agenda da Caixa Econômica Federal (CEF) foi responsável pelos transtornos em 13 estados. Enquanto a Polícia Federal não apontar os verdadeiros culpados – há indícios de que uma empresa de telemarketing deflagrou a ação criminosa, mas é preciso denunciar os mandantes –, a mídia e a oposição tentarão confundir a nação. Nem a nota da CEF sobre o episódio foi destaque na imprensa boateira:

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Nota da Caixa

A Caixa Econômica Federal afirma que não há qualquer relação entre a movimentação verificada a partir das 13 horas de sábado (18), em alguns estados (13 estados no total), e a flexibilização do saque do benefício do Bolsa Família fora da data prevista no calendário de pagamentos do Programa. Ao contrário, o fato de o calendário estar liberado evitou um problema maior caso as famílias não tivessem acesso ao seu benefício.

Diante dos acontecimentos do fim de semana, a preocupação do banco naquele momento era transmitir segurança e tranquilidade aos beneficiários de que os pagamentos estavam assegurados, além de evitar quaisquer outros fatos que provocassem o surgimento de novos tumultos, principalmente em razão das consequências danosas dos boatos. A partir de segunda-feira (20), o pagamento foi normalizado em todos os estados.

A CAIXA faz a gestão do programa Bolsa Família há dez anos. Em 2012, o banco realizou 156,1 milhões de pagamentos de benefícios do Programa, no valor de R$ 20,2 bilhões. No primeiro quadrimestre de 2013, foram pagos 52,2 milhões de benefícios, no valor de R$ 7,6 bilhões.

Em março deste ano, foi implantado o novo Cadastro de Informações Sociais, que conta com cerca de 200 milhões de número de inscrições, com o objetivo de aprimorar o sistema e controles.

Nesse processo, aproximadamente 700 mil beneficiários tiveram seu NIS (Número de Inscrição) unificado, fazendo com que aqueles que tivessem mais de um número de inscrição passassem a ter apenas um, valendo o NIS mais antigo.

Para garantir que esses beneficiários não estivessem impedidos de buscar os seus benefícios nas datas que usualmente tinham por referência, considerando o número que prevaleceu, foram adotas medidas operacionais de atendimento e acompanhamento dos saques.

As medidas adotadas visaram assegurar o pagamento aos beneficiários por meio dos cartões que já possuem, garantindo a facilidade do acesso do benefício às famílias. O comportamento das famílias observado ao longo de dez anos de gestão do Programa é de busca do pagamento do benefício na data do calendário.

Assim, foi implementada a flexibilização, provisória e temporária, para o início do calendário da folha do mês de maio, tendo como determinante o comportamento histórico da procura pelo saque dos benefícios e, principalmente, a premissa de sempre e necessariamente assegurar o acesso ao Bolsa Família, já que o Programa tem entre suas finalidades a transferência de renda para promoção do alívio imediato da pobreza.

Considerando que as condições de saque do programa são conhecidas pelos beneficiários, inclusive quanto à validade de 90 dias das parcelas mensais do Programa e que existe um comportamento habitual de procura mensal pelo benefício, no qual 20% a 30% das famílias não buscam o benefício na data prevista, não houve divulgação das medidas adotadas.

Tanto é assim, que não houve alteração da quantidade histórica de pagamento. Na sexta-feira (17), o volume de saques foi inclusive inferior ao mesmo período do mês anterior, com um total de 649 mil saques. Em abril de 2013, foram realizados 852 mil saques no primeiro dia do calendário. Portanto, os dados atestam a normalidade dos pagamentos realizados durante toda a sexta-feira (17) e também na manhã do sábado (18) em todos estados do país.

Somente em torno das 13 horas do sábado (18) é que se verifica o início da anormalidade de saques particularmente em alguns estados, quando também começaram a circular notícias sobre os boatos em relação ao Bolsa Família. Os demais estados mantiveram a normalidade dos pagamentos.

Os dados reforçam que não foi a flexibilização dos pagamentos que causou corrida às agências e canais de atendimento da CAIXA.

Para garantir o acesso aos benefícios e a integridade física das pessoas, o banco manteve o procedimento de disponibilizar os pagamentos durante o fim de semana, independente da data prevista no calendário de pagamentos.

O banco tem total interesse na apuração dos fatos e reafirma que aguarda as investigações da Polícia Federal em relação a origem dos boatos.

Assessoria de Imprensa da Caixa Econômica Federal


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A nota explicita que não houve “qualquer relação” entre a mudança na agenda de pagamento e a onda de boatos, que gerou transtornos e sofrimentos em 13 estados. Mesmo assim, a mídia golpista e alguns líderes da oposição já tentam tirar proveito do triste episódio. Folha, Estadão e O Globo deram destaque para a “confissão de erro” do presidente da CEF. Já o senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB, exige que a presidenta Dilma vá à tevê “pedir desculpas”. Como ironiza Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada, a mídia tenta repetir a “tecnologia da bolinha de papel que pesava dois quilos” e atingiu a careca do tucano José Serra em 2010.

O triste é que o governo Dilma parece inerte. Sofre os ataques e não toma atitudes mais firmes. A Polícia Federal, que deveria estar subordinada ao Ministério da Justiça, demora em concluir sua apuração e denunciar os verdadeiros culpados. Na área da comunicação, o Palácio do Planalto parece um paquiderme. Enquanto isto, a mídia boateira – que não acionou seu “jornalismo investigativo” para descobrir os culpados – ataca o governo numa “estratégia do golpe preventivo”, ainda segundo o blogueiro Paulo Henrique Amorim. E ainda há gente no entorno presidencial que afirma que a mídia não tem mais papel de destaque na manipulação da sociedade brasileira. Haja paciência!”

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