Barbosa: “A vontade dela coincide com a minha”


Presidente do Supremo Tribunal Federal defende que "crise não seja resolvida em cúpula"; "Temos de ter consciência de que precisamos incluir o povo nas decisões", afirmou; ele não acredita que reforma política venha a ser feita pelo Congresso; "Já não tentamos há anos?", perguntou; "A presidente pode reunir suas propostas numa emenda constitucional", aconselhou; apontado nas marchas de protesto como dono de 30% de intenção de voto para presidente, Barbosa sorriu na coletiva no Conselho Nacional de Justiça: "Isso é excelente para minha história de vida, mas já tenho 41 anos de vida pública. Chega, né?"


O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, disse em entrevista coletiva no final da tarde, em Brasília, que também é a favor de uma consulta popular para apreciar uma emenda constitucional com uma reforma política. "A vontade dela coincide com a minha", afirmou Barbosa, referindo-se à presidente Dilma Rousseff, com quem esteve à tarde, antes de falar aos jornalistas. "Temos de ter consciência de que precisamos incluir o povo nas decisões", completou.

Joaquim Barbosa disse que foi convidado pela presidente ontem à tarde para ir ao Palácio do Planalto nesta terça-feira. "Fui levar a ela a minha posição", afirmou. Ele evitou, diante dos jornalistas, na sede do Conselho Nacional de Justiça, usar a palavra plebiscito, mas procurou interpretar as palavras de ontem de Dilma. "Ela pode reunir suas propostas numa emenda constitucional", disse.

O ponto mais importante da entrevista de Barbosa foi sua negativa enfática que uma eventual candidatura à presidência da República. "Não tenho a menor vontade", disse ele, que foi apontado pelo Datafolha como o preferido por 30% dos brasileiros que foram às manifestações. No último domingo, Barbosa também foi lançado à presidência pelo colunista Elio Gaspari.

Sobre as mudanças por meio de plebiscitos, ele se mostrou favorável. "Todas as mudanças importantes na história do Brasil – a independência, a República – foram decisões de cúpula. É preciso envolver e o povo", disse ele.

Joaquim Barbosa chegou a apresentar uma ideia do que poderia ser incluído na reforma política, a implantação do sistema de recall eleitoral. "O eleitor pode resgatar o mandato se não estiver satisfeito com a postura de seu representante", explicou Joaquim. "O último caso famoso de recall aconteceu na Califórnia, em 2002, quando um governador Davis, posteriormente ao recall, perdeu seu mandato".

O presidente do STF não demonstrou receio de que a convocação de um plebiscito para aprovar a reforma política venha a ameaçar a democracia brasileira. "A democracia brasileira está madura, mas é preciso tomar agora as decisões certas", asseverou. "Eu vivi nas grandes democracias do mundo, tenho consciência formada não apenas com o que acontece aqui".

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