“Personagem que estampou a capa da revista
declarando gastar R$ 50 mil por noite foi citado duas vezes na polícia
como suspeito de agressão, uma contra a filha adolescente e outra contra sua
então mulher; culto à ostentação foi a marca de uma das reportagens mais
polêmicas já publicadas pela Editora Abril
Farsa ou não, uma reportagem do portal G1, publicada nesta terça-feira, revela a face real do personagem. O repórter Kleber Tomaz levantou sua ficha policial e descobriu que ele já foi indiciado duas vezes por agressão, uma contra a filha adolescente e outra contra sua então mulher, de acordo com boletins de ocorrência registrados na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher, na Zona Leste da capital paulista, em 2008 e 2011 (leia mais aqui).
O vídeo no YouTube em que o empresário elenca os 10 "mandamentos" de como se dar bem no camarote das baladas teve mais de 5 milhões de visualizações. Assista abaixo:
Leia ainda texto do Diário do Centro do Mundo, sobre a "morte" da Vejinha, após a capa dedicada a um
personagem tão bizarro:
Por Paulo Nogueira, do DCM
Um vídeo está circulando na internet
freneticamente neste final de semana. É da Veja SP, e apresenta um “sultão” das
baladas chamado Alexander de Almeida, que diz ter 39 anos.
O DCM colocou o vídeo ontem na seção Vídeo do Dia, e agora pela manhã era a coisa
mais lida no site.
Alexander – imagino que seja um nome fantasia derivado do prosaico
Alexandre – dá seus conselhos a quem quer, como ele, ser “alguém especial” nas
baladas.
Todos os conselhos cabem num só: torre seu dinheiro em camarotes nas
baladas com espertalhões – homens e mulheres – que vão largar você assim que
sua conta bancária inevitavelmente entrar em colapso e você não puder mais
pagar o champanhe que eles tomam rindo de você e de sua monumental burrice.
Do ponto de vista jornalístico, raras vezes se viu algo que reflita
tão bem a essência de uma publicação e de seus leitores.
A Veja SP se dedica, com obtusa regularidade, a promover a
frivolidade consumista num mundo de faz de conta em que todos riem como
Alexander e depois se entopem de antidepressivos.
A Veja SP não faz pensar, não provoca você a sair de sua vidinha
medíocre em que o que vale são as aparências, não faz nada digno da palavra
‘jornalismo’.
Mesmo assim, apenas para lembrar a mamata estatal dada às empresas
jornalísticas com dinheiro público, a Veja SP é impressa com papel isento de
imposto.
Fui um dos primeiros editores da Veja SP, em meados da década de
1980, aos 26 ou 27 anos. Eu era na época subeditor de Economia da Veja, mas a
direção da revista achava que já era tempo de eu ser promovido a editor.
Apareceu a oportunidade na Veja SP quando a editora Selma Santa Cruz
deixou a revista para se juntar a seu marido, Sérgio Mota Melo, num empreendimento
jornalístico, a TV1.
Tentei fazer “jornalismo sério”. Uma de minhas primeiras capas
mostrava o caso dramático de dois bebês que tinham sido trocados na
maternidade.
Naquela semana, desci o elevador da Abril com Roberto Civita. Sempre
amável, sempre charmoso, sempre sorridente, ele me disse que não era exatamente
aquele tipo de reportagem que ele queria na Vejinha, como era e é chamada. Eu
não estava naquele cargo para descobrir as melhores histórias humanas de São
Paulo, mas para encontrar os melhores cheesebúrgueres e as hostesses mais
gostosas dos bares chiques paulistanos.
Me ajustei ao mundo da fantasia. Mas, em meio a tantas tolices que
editei, lembro com satisfação capas como uma que trazia a escalada de um jovem
editor chamado Luiz Schwarcz, que começava sua Companhia das Letras.
Fiz, pessoalmente, este texto. Também fiz, eu mesmo, coisas como o
perfil de um jovem jornalista que se tornara cultuado entre os jovens
paulistanos no comando da Folha Ilustrada, Matinas Suzuki.
Pouco mais de um ano depois, voltei à área de Economia, da qual
saíra, para ser editor executivo da Exame. Nela vivi os melhores anos de minha
carreira – só igualados ou superados agora pela experiência eletrizante que é o
DCM.
Dentro das limitações que um editor tem na mídia corporativa, em que
a voz do dono é a que realmente vale, fiz o que pude na Vejinha para ir além do
cardápio que agora foi dar em Alexander de Almeida.
No terreno das curiosidades, não pude deixar de notar a semelhança
física entre ele e Kassab. E então fui remetido mentalmente a uma capa da
Vejinha com Kassab às vésperas das eleições municipais de 2012.
O texto defendia a administração Kassab, àquela altura extremamente
impopular entre os paulistanos. “Estamos sendo muito duros com ele?” – esta era
a pergunta. Kassab não conseguiu cuidar sequer das árvores de São Paulo,
destruídas a cada chuva mais forte, não conseguir resolver nem o problema do
excesso de pernilongos na cidade, e mesmo assim a Vejinha acusava seus leitores
de serem rigorosos com o prefeito.
Como toda a mídia impressa, a Vejinha está morrendo. Cada vez menos
pessoas lêem revistas na era digital. E indicações de bares, restaurantes,
teatro e cinema – o maior pilar da revista – você encontra de graça, em tempo
real, na internet.
Mas ela poderia morrer sem a humilhação de ver seu logotipo
associado a um decálogo como o de Alexander de Almeida.”
Comentários
do ao bom jornalismo! Só poderia ter
partido da Veja essa coisa bizarra,
pois ela é useira e vezeira em
publicar escândalos para aumentar
o número de seus leitores, não
importando com sua veracidade!!!