Oportunismo de Luciano Huck mancha campanha contra o racismo

Memes com críticas pesadas a Luciano Huck ampliam aversão ao oportunismo do apresentador de TV
Correio do Brasil 

Parece longe de terminar a polêmica em torno do gesto de Daniel Alves, ponta direita da Seleção Brasileira e do Barcelona que comeu um pedaço da banana que um torcedor racista atirou no campo, próximo ao jogador, durante a partida contra o Villareal, neste domingo. A agência de publicidade Loducca, em parceria com o jogador Neymar Jr., também da Seleção, e o apresentador de TV Luciano Huck, estava com uma campanha publicitária pronta para ser disparada no primeiro incidente racista que ocorresse no futebol mundial.

Daniel Alves foi a ‘bola da vez’. Segundo Guga Ketzer, sócio e vice-presidente de criação da agência publicitária, o planejamento começou quando Neymar viveu os primeiros casos de racismo na Espanha ao lado do companheiro Daniel Alves. Durante o jogo do Barcelona versus Espanyol, em março, gritos de macaco foram direcionados aos dois brasileiros e uma banana foi arremessada em campo; pouco mais de um mês depois, na derrota para o Granada, o camisa 11 sofreu ofensas racistas quando deixou o ônibus da equipe no Camp Nou.

Segundo Ketzer, o movimento surgiu para tirar a força da palavra do agressor preconceituoso:

– Como quando somos crianças e sofremos com um apelido. Se você se incomodar muito ele com certeza vai pegar. Por isso a nossa ideia era de não fugir da briga, de encarar a polêmica e engolir o problema – disse a jornalistas, nesta terça-feira.

Para o publicitário “Somos todos macacos” não é uma campanha, “mas sim um movimento”.

– Estamos sempre em contato com a equipe do Neymar e já vínhamos planejando algum tipo de manifestação. Pensamos nessa ideia, mas não era para sair agora, estávamos esperando o timing certo. E aconteceu agora com o caso do Dani Alves – conta.

O gesto do lateral brasileiro ainda vem repercutindo nas redes sociais com a hashtag “#somostodosmacacos”. Em sua conta no Instagram, Dani Alves mandou o seguinte recado logo depois do ocorrido:

– Meu pai sempre me falava: filho, coma banana que evita cãibras. Como adivinharam isso? Hahaha.

Daniel Alves também publicou, na véspera:

“Meu Brasil brasileiro, verde, amarelo, preto, branco e vermelho. Somos um povo alegre com samba no pé e é com alegria e ousadia que a gente tem que se manifestar. Olha a banana, olha o bananeiro… Sou baiano, sou brasileiro… Estamos mais fortes do que nunca, o sorriso é a nossa proteção, a musica é a nossa espada… Nos vemos na Copa… Estamos juntos! #deusnocomando #somostodosmacacos #danidobrasil #amadajuazeiro”.

Oportunista

Louvável, em sua gênese, a campanha contra o racismo que ganhou as redes sociais após o gesto de Daniel Alves, no entanto, tem sofrido pesadas críticas após o apresentador Luciano Huck passar a vender camisetas com o motivo da mobilização. Segundo o site Conexão Jornalismo, em artigo publicado nesta terça-feira, “o ‘bom moço’ que se recusa a soprar bafômetro, invade área de proteção ambiental e coloca muro irregular na orla da sua casa de praia deu as caras novamente na sua ambição. Usou a repulsiva manifestação de racismo que assola o futebol internacional para ganhar dinheiro em cima dos incautos. Patético!”.

“Nas redes sociais, Luciano Huck foi alvo de duras críticas após sua grife, a Use Huck, lançar camisetas com mensagens promovendo a campanha ‘Somos Todos Macacos”, afirma o site. “Já há algum tempo. A ideia era esperar surgir um fato para lançar via redes sociais o mote daquilo que engordaria um pouco mais a conta bancária do apresentador da Globo. E foi um desajuizado racista espanhol, torcedor do Villareal, quem deflagrou o processo. O idiota atirou uma banana na direção do lateral do Barcelona, o brasileiro Daniel Alves, que a comeu. Pronto. Estava dando o ponta pé inicial para Huck aparecer com cara de ‘intenso’ em fotografia ao lado da mulher. Segurando uma banana”, critica.

“Um internauta postou uma fotografia de um burro, símbolo da pouca inteligência, para explicar como Luciano Huck vê o público a sua volta: “ele lança a campanha, nós aderimos e ele ganha dinheiro!” Protestou. A bronca sobrou também para o próprio Daniel Alves, Neymar e outras celebridades que, a esta altura, surgem como cúmplices de uma defesa dos Direitos Humanos meramente comercial. A conveniência de reclamar de uma postura abominável com o simples objetivo de ganhar dinheiro”, pontua o Conexão Jornalismo."

Comentários

Anônimo disse…
Hoje o racismo gera lucro , basta uma oportunidade como uma banana por exemplo para se fazerem de coitadinhos e ganhar uma bela grana. e isso pelo jeito vai longe por que o racismo nunca vai acabar, não enquanto tivermos que conviver com a indiferença.