Berzoini vê 'marco' divisor de águas no 1º de Maio e 'constrangimento' da oposição

Público presente ao ato da CUT em SP acompanhou shows e discursos, além de ressaltar reivindicações dos trabalhadores
'Ministro considera que discurso de Dilma e atos do Dia do Trabalho marcam diferenças de visão entre presidenta e adversários de outubro, e atribui agressividade de Paulinho a falta de projetos

Vitor Nuzzi, RBA

O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, que representou a presidenta Dilma Rousseff no ato conjunto de CUT, CSB e CTB no Vale do Anhangabaú, considerou o 1º de Maio um divisor de águas em termos políticos e classificou de constrangedora a sátira feita na manifestação da Força Sindical. "A falta de projetos e de programas leva a oposição a esse tipo de constrangimento", afirmou, em resposta ao ocorrido no evento da zona norte da capital paulista, onde um humorista imitou Dilma e o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pediu a prisão da presidenta devido às denúncias contra a Petrobras. "O que a população quer é discussão de projetos."

Segundo ele, há uma disputa em curso no Brasil e em outros países. De um lado, visões que propõem desenvolvimento e políticas sociais e de outro, os defensores de "medidas duras" na economia. Em favor do atual governo, ele citou também a postura do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a crise mundial deflagrada em 2008. "Os economistas neoliberais defendem sempre que o ajuste recaia nos trabalhadores. Qual a posição do governo? A conta não pode ir para os trabalhadores. Quem viu os oito anos do governo do PSDB viu o Aécio (Neves) comandando o desemprego e a privatização."

Berzoini considerou que o pronunciamento de Dilma referente ao Dia do Trabalho, na noite de ontem (30), "reforçou o compromisso que ela sempre teve com a classe trabalhadora". Na fala, Dilma anunciou o reajuste da tabela do Imposto de Renda e o aumento do Bolsa Família, e lamentou a tentativa de potencializar a inflação e o caso da Petrobras com fins eleitorais.
Nesse sentido, o ato de hoje representou um divisor do ponto de vista político, na visão de Berzoini. "Os trabalhadores têm de ter toda a atenção e não podem pagar o pato da crise. Foi um pronunciamento forte, mostrando o compromisso dela e do PT com a participação dos trabalhadores e principalmente o combate à desigualdade", disse o ministro, resumindo os pontos que considera básicos: investimento, emprego, salário e renda.

No ato político da manifestação, os oradores tiveram dificuldades para falar, devido à reação do público, que não queria a interrupção dos shows musicais. Parte dos presentes vaiou. Assim, todos se limitaram a breves saudações. Entre os presentes, além de dirigentes das centrais sindicais, estava o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que tinha bem à frente uma faixa do sindicato dos servidores, em campanha salarial, pedindo atendimento de reivindicações. Também subiram ao palco os ministros Berzoini e Manoel Dias (Trabalho e Emprego), além de representantes de partidos políticos – o secretário sindical do PSB (partido do pré-candidato Eduardo Campos), Joilson Cardoso, estava presente.  Os ânimos se acalmaram com a entrada no palco da cantora Paula Fernandes, às 18h."

Os organizadores estimaram em 100 mil o público presente. O evento terminou por volta de 20h30.

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