Dilma reage bem às adversidades


"Sobreviveu aos porões da ditadura, soube se impor dentro de um partido que não pertencia e venceu barreiras internas para ser a sucessora de Lula

 Rubens José da Silva, Brasil 247

Tudo bem que não temos mais a mesma empolgação que as primeiras eleições pós-redemocratização, mas para esta, sem dúvida, não faltará emoção até a apuração da última urna. A gangorra nas intenções de voto tornou a corrida presidencial, em plena reta final, imprevisível.

A mais semelhante foi a de 89, a primeira pós-ditadura, quando Lula ultrapassou Brizola em cima da hora e foi para o segundo turno com Collor. Depois veio a tristeza que todos conhecem.

Para domingo próximo, nenhuma possibilidade está descartada. A única certeza é que para o 2º turno Dilma estará presente.

Seu histórico de lutas trouxe capacidade para lidar com adversidades.

Sobreviveu aos porões da ditadura, soube se impor dentro de um partido que não pertencia e venceu barreiras internas para ser a sucessora de Lula.

Mesmo com o interminável bombardeio da mídia e a forte rejeição ao PT, há que se realçar a postura da presidente. Contestada à direita e à esquerda e encurralada pelas hienas do mercado, manteve-se firme e serena, jamais demonstrou o menor sinal de fadiga.

Transformou os dois principais alvos da oposição – corrupção e economia - em dividendos para sua campanha. Afirmou que foi o governo que mais combateu a corrupção – "não varremos para debaixo do tapete" – e que, ao invés da austeridade aplicada em outros países, optou em "manter empregos e salários".

Foi questionada, à exaustão, dentro do próprio partido. À mínima possibilidade de derrota, o coro Volta-Lula era entoado.

Alimentaram, também, o fogo amigo de que Zé Dirceu e outros graúdos estariam contentes com a iminente derrota da candidata, quando da ascensão meteórica de Marina. Era o troco por sua indiferença às condenações do mensalão. Mais uma vez não se abalou e conseguiu manter as alianças e o partido coesos.

Para quem era rotulada como uma pessoa intransigente, sem carisma e inapta para o jogo político, a virada foi surpreendente. Dilma, hoje, é maior que o PT.

Se confirmadas as previsões de vitória, a presidente parte mais fortalecida para o segundo mandato. O tal "poste" indicado por Lula, sistematicamente ridicularizado pela oposição, mostrou que tem luz própria."

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