Cesar Mangolin, Blog: Cesar Mangolin
"Um jumento em disparada
faz algum estrago… Um bando deles faz mais ainda. Inconsequentes, não
darão a devida importância para os danos que podem causar, apenas
correm, destruindo tudo ao redor. Nem mesmo fazem ideia de quem abriu a
porteira, talvez propositalmente.
Os neo-militantes de
direita agem assim. Tomam problemas seculares do Brasil (como a
corrupção) como se fossem obras dos últimos governos; atribuem à
presidência da República responsabilidades de outras instâncias,
inclusive responsabilidades dos abridores de porteiras bicudos que
povoam nosso país e não se conformam com a derrota sofrida nas urnas.
Chama mais ainda a
atenção que temos jumentos desembestados que se somam aos da direita
vindos da esquerda, mas trataremos deles em outro texto…
Com vergonha alheia, vi
gente (quase 40% da população) que atribui a falta de água ao governo
federal; há quem atribua a segurança pública também. Mas há episódios
mais tristes ainda: vi uma postagem que dizia que a Dilma havia
concedido o direito de visita íntima a um assassino! Para esses tontos, a
culpa de toda e qualquer desgraça brasileira tem nome: Dilma!
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Enfim, chegamos num ponto
em que a frase afirmativa “há limites para a estupidez!” somente pode
ser proferida na sua forma interrogativa: “Há limites para a estupidez?”
Parece que não.
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A corrupção é inerente ao
capitalismo… No Brasil persiste há muito. O caso da Petrobras, tomado
com assombro pela mídia golpista e a classe média cor-de-rosa, é velho.
Ainda era um adolescente quando trabalhava numa loja de conexões e ouvia
um vendedor externo contar histórias sobre as casas de praia de
compradores da Petrobras… Nessa mesma época aprendi que a propina, que
“molhar a mão”, o “fazer rir” era uma prática comum. Nunca gostei nem a
pratiquei, mas todos nós convivemos com ela. Quem descobriu apenas agora
que as empreiteiras e demais empresas subornam compradores em processos
licitatórios? Quem não sabe que há décadas no Estado de São Paulo
algumas empreiteiras dividem entre si as grandes obras e “molham as
mãos” de agentes do Estado? Corruptores e corruptos, farinhas do mesmo
saco, crias da mesma ordem, existem desde muito tempo: isso não foi uma
invenção dos governos do PT.
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Mas a jumentice parece ter se tornado um adjetivo muito comum dos nossos tempos obscuros…
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Há uma movimentação que
envolve a grande mídia, políticos tradicionais com capivaras imensas, o
tucanato, o judiciário e uma massa de manobra histérica que parece que
começou a viver apenas agora e perceber as mazelas do tipo de
capitalismo que se desenvolveu no Brasil.
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Embora falem em nome de
algum Brasil, fica claro, pelo que defendem, que não incluem o Brasil da
população que mais sofreu, pela marginalização e empobrecimento
contínuo, com a dragagem das nossas riquezas naturais e com a
concentração de riqueza gritante e secular… A massa de manobra histérica
não faz parte, obviamente, da seleta elite que concentra em suas mãos o
grosso da riqueza social produzida. Os que esbravejam contra o PT e o
governo não têm ideia do que estão falando; não são capazes de apontar
uma solução mínima para qualquer problema. Repetem chavões, palavras de
ordem sem sentido, de gente que não conhece minimamente nossa história
recente.
Façam um teste: pegue um
desses surtados e pergunte o que está errado e o que deveria ser feito
para resolver o problema… Vai receber de volta um grunhido histérico e
sem sentido, porque eles não sabem do que estão falando.
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O mais triste e temerário
é que forçam uma crise política seríssima, que interessa a determinados
setores do grande capital. São marionetes dele…
Defendem o retorno da
ditadura militar sem saber minimamente o que caracterizou aquelas duas
décadas: entrega das nossas riquezas ao capital estrangeiro; perda
constante de poder aquisitivo dos salários; mais de dez milhões de
mortos por fome no nordeste; genocídio de populações nativas; prisões
arbitrárias, censura, tortura e assassinato…
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Há também a curiosa postura da classe média brasileira que tem asco de tudo que se refira a trabalhador…
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Os governos do PT
atendem, sem dúvida, aos interesses do grande capital. É um governo da
ordem burguesa, que dirige o Estado capitalista… Mas ao deslocarem
esforços e recursos no atendimento a populações deixadas de lado por
nosso processo histórico, deslocam recursos dos cofres do grande
capital, que sempre tem espaços vazios para serem ocupados. No momento
da crise que envolvia o segundo mandato de FHC, o PT e o governo de
Lula, com as garantias que deram, foram palatáveis ao grande capital. Na
entrada dessa nova crise, trata-se de tornar toda e qualquer fonte sob
controle absoluto. Há muita diferença numa taxa selic de 36% (segundo
mandato de FHC) e numa de 12%… Ou 7.4, que foi o mínimo alcançado no
primeiro governo de Dilma… Isso toca em interesses diversos, beneficia
algumas frações do capital, prejudica outras. A pressão dentro do bloco
no poder e a capacidade de uma dessas frações tornar o Estado seu valet é o que está em jogo…
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Há muito que se estudar e
escrever sobre essas contradições, mas isso toma muito espaço… Mas,
principalmente, exige tempo e paciência histórica. Algo que está ausente
por aqui… Mas retomarei o argumento para falar do antipetismo de
esquerda depois…
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Por enquanto, vale a
constatação de que os neomilitantes da direita e os da esquerda preferem
facilidades: análises de lógica formal, sem contradições.
Um programa redondinho e internamente coerente, ainda que não tenha relação com a realidade. O papel aceita qualquer coisa: recebe textos sagrados e também é utilizado nos banheiros…
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Um programa redondinho e internamente coerente, ainda que não tenha relação com a realidade. O papel aceita qualquer coisa: recebe textos sagrados e também é utilizado nos banheiros…
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Valeria aos que
histericamente pedem o impeachment de Dilma pensar um pouco nos
pressupostos do que chamam de “limpeza” da política, pensar nas soluções
para nossos problemas mais graves… Caso sejam capazes de fazer isso,
descobrirão que as soluções que andam apoiando representam um passo
atrás muito perigoso. Que as marionetes desse jogo anti-popular percebam
que ajudam a abrir as portas do seu próprio abismo."
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