Contra Alckmin, alunos passam a ocupar 38 escolas


Rede Brasil Atual

As ocupações de escolas da rede estadual paulista de ensino por estudantes, em protesto contra o plano de reorganização imposto pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), com o fechamento anunciado de ao menos 93 escolas, segue ocorrendo na grande São Paulo e no interior do estado. Desde a noite de ontem (16), outras oito escolas foram ocupadas, subindo para 38 o número de unidades ocupadas, até as 10h30 de hoje (17).

Na noite de ontem (16), estudantes ocuparam a E.E. Roger Jules de Carvalho Mange, no extremo leste da capital, contra o fechamento do período noturno, conforme anunciado pela secretaria de Educação.

Pela manhã, a E.E. Godofredo Furtado, em Pinheiros, seguiu o exemplo de outra escola do bairro, a E.E. Fernão Dias Paes, que já completa uma semana de ocupação, iniciada na terça passada (10). Segundo informações dos Jornalistas Livres, a Polícia Militar acompanha pacificamente a ação. Na zona sul da capital, a E.E. Marilsa Garbosa Francisco também foi tomada pelos alunos, após se reunirem em assembleia.

Também na manhã de hoje, duas escolas foram ocupadas, em Santo André, na região do ABCD paulista: a E.E. José Augusto de Azevedo Antunes e a E.E. Dr. Américo Brasiliense, uma das mais tradicionais da região.

A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Ângela Meyer, que está na Américo Brasiliense disse à reportagem da RBA que uma comissão de estudantes se reúne, nesse momento, com a direção da escola e policiais, na busca de um acordo que permita aos estudantes ocuparem ao menos o pátio da escola, que conta com a presença de cerca de 50 estudantes, nesse momento.

A E.E. Dr. Américo Brasiliense é mais um exemplo de escola que não consta na lista de fechamento, mas sofre os efeitos da reorganização, com a chegada de ao menos 12 turmas de ensino médio, acarretando em superlotação. Ângela conta também que a escola não receberá novas matrículas para o 6º ano do ensino médio, num movimento de fechamento gradual.

Em Jundiaí, estudantes tomaram a E.E. Eloy de Miranda, que deve passar a funcionar unicamente com o ensino fundamental. Em Ribeirão Pires, a E.E. Santino Carnevale também foi ocupada por estudantes ao final da manhã de hoje. Na cidade, de acordo com o plano de reorganização, apenas uma unidade receberá turmas de ensino médio no período noturno

Em Santa Cruz das Palmeiras, também no interior, a E.E. Prefeito Mario Avesani foi ocupada. Em Bauru, a E.E. Stela Machado, que deve ter encerrado o ensino médio, também foi ocupada por alunos e professores.

Durante a madrugada, em Mauá, também no ABCD, estudantes ocuparam a E.E. Maria Elena Colonia, com com apoio de pais e professores. A PM foi chamada, mas não houve violência. Pela manhã, cerca de 100 pessoas participaram de uma assembleia que decidiu manter a ocupação pelo menos até amanhã, quando haverá uma audiência pública na Câmara de Mauá sobre o tema.

Reintegração suspensa

Também ocupada há uma semana, a E.E.Diadema, teve a reintegração de posse que deveria ocorrer na tarde de ontem (16) suspensa. Assim como ocorreu com a ocupação da E.E. Fernão Dias, haverá uma audiência de conciliação com os estudantes hoje (17) às 18h.

Pedagoga defende ocupações: 'estudantes estão lutando por aquilo que acreditam'

Para a pedagoga do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Cláudia Petri, ao ocuparem as escolas, em protesto contra o plano de reorganização imposto pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), com o fechamento anunciado de ao menos 93 escolas, os alunos estão "ocupando um espaço que é de direito deles", e fazem das ocupações uma estratégia que visa ao diálogo.
Entrevistada na edição de ontem (16), do Seu Jornal, daTVT, Cláudia ressaltou que, em todo plano pedagógico das escolas, entre as diretrizes e metas propostas consta como prioridade formar cidadãos críticos, participativos e conscientes. "Nada mais é do que isso que a gente está vendo agora. Esses estudantes estão fazendo valer a sua opinião, os seus direitos, e lutando por aquilo que eles acreditam. É isso que a escola tem que fazer na formação desses jovens."

A pedagoga afirmou que faltou diálogo sobre a reorganização por parte do governo estadual, e que qualquer medida que afeta a vida de alunos, pais e professores, "precisa partir de uma base de conversa, com a comunidade escolar, com os sindicatos, as organizações de classe".
Assista a entrevista completa:

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